Selasa, 04 November 2008

POEMA DE NATAL

Vinicius de Moraes
Para isso fomos feitos:Para lembrar e ser lembradosPara chorar e fazer chorarPara enterrar os nossos mortos —Por isso temos braços longos para os adeusesMãos para colher o que foi dadoDedos para cavar a terra.Assim será nossa vida:Uma tarde sempre a esquecer. Uma estrela a se apagar na treva. Um caminho entre dois túmulos —Por isso precisamos velar. Falar baixo, pisar leve, ver a noite dormir em silêncio.Não há muito o que dizer:Uma canção sobre um berço. Um verso, talvez de amor. Uma prece por quem se vai —Mas que essa hora não esqueça. E por ela os nossos corações. Se deixem, graves e simples.Pois para isso fomos feitos:Para a esperança no milagre. Para a participação da poesia. Para ver a face da morte —De repente nunca mais esperaremos...Hoje a noite é jovem; da morte, apenas nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes, poeta e diplomata na linha direta de Xangô. Saravá!

No poema acima temos retratado aquele que, para muitos, é um evento triste.O acima foi foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 147.

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