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Minggu, 28 Juni 2009
Jumat, 26 Juni 2009
PROJETO AVÓS
PROJETO VOVÔ E VOVÓ: UMA HISTÓRIA DE AMOR!
Algumas brincadeiras:
VOVÓS NA ESCOLA
O chá que agasalha ? (xale)
O chá que abre portas? (chave)
O chá da praça? (chafariz)
O chá que é um problema? (charada)
O chá que é um tipo de casa (chalé)
O chá da fábrica? (chaminé)
O chá que fica no campo? (chácara)
O chá que se tem de escolher para votar? (chapa)
O chá que atrai a simpatia/ (charme)
2. Qual a vovó que tem o maior número de netos?
E qual a vovó mais jovem?
3. Como está a memória da vovó?
A dirigente diz uma parte de um provérbio popular e algum avô ou avó completa com a outra parte.
Quem não tem cão... caça com gato.
Quando um não quer... dois não brigam.
Quem com ferro fere... com ferro será ferido.
Diga-me com quem andas... e te direi quem és.
Água mole em pedra dura... tanto bate até que fura.
Ri melhor... quem ri por último.
Gato escaldado... tem medo de água fria,
Mais vale um pássaro na mão... do que dois voando.
Quem tem boca... vai à Roma.
Pau que nasce torto... não tem jeito morre torto.
Quem corre cansa... quem não corre alcança.
Antes só... do que mal acompanhado.
4. Somando os pontos
Chamar à frente os casais de avós presentes e premiar o casal que somar mais pontos nos seguintes itens:
o número de filhos
anos de casamento
botões da roupa (dos dois)
o número de netos
idade de cada um
SERVIÇO DO CHÁ
Enquanto o chá é servido, todos podem cantar músicas folclóricas e músicas de roda antigas, bem conhecidas dos nossos avós...
• “Luar do Sertão”, “Alecrim Dourado”, “Peixe Vivo”, “Se esta rua fosse minha”, “Casinha Pequenina”, “Ciranda, cirandinha”, “Teresinha de Jesus”,... etc
PESQUISA MUSICAL ENTRE AS VOVÓS
Os alunos serão divididos em grupos para percorrerem o bairro onde fica a escola ou os seus bairros e pesquisar junto a comunidade idosa dos bairros, as músicas que eles mais ouviam em determinada época. A partir dessa pesquisa o professor poderá criar várias atividades, inclusive gravação de CDs com as músicas mais votadas. Poderá também planejar junto a escola o "Baile dos Vovôs", integrando inclusive os alunos. Esses CDs podem ser vendidos para os alunos presentearem seus avós e os lucros serem revertidos em recursos para ajudar as escolas.
Quadrinhas da Vovó
1.A CASINHA DA VOVÓ
TRANÇADINHA DE CIPÓ
O CAFÉ TÁ DEMORANDO
COM CERTEZA NÃO TEM PÓ
2.Palma, palminha,
Palminha de Guiné
Pra quando papai vié,
Mamãe dá a papinha,
Vovó bate cipó,
Na bundinha do nenê.
3.Serra, serra, serrador,
Serra o papo do vovô...
Quantas tábuas que serrou?
1,2,3, fora uma que quebrou!!!
4.A vovó me disse que no tempo dela,
Não tinha novela, nem televisão,
Só tinha teatro, peça de cinema,
E em Ipanema tinha um coração!
Não tinha nada, ora vejam só!
Mas tinha amor no tempo da vovó,
Não tinha nada, ora vejam só!
Mas eu gosto muito da minha vovó!
A avó
A vovó também é velha,
Franzidinha como quê.
Passa os dias lá na rede,
Entretida no crochê.
Às vezes fica zangada
Com o barulho que faço.
Pega na chinela, eu me rio,
Ela ri e lá vem um abraço.
Um dia virou a casa
Para os óculos achar.
Remexeu canto por canto
E queria me culpar.
Bem que eu sabia de tudo,
Mas aquilo era uma festa,
Pois vovó tinha os óculos
Presos no alto da testa.
Os Óculos da Vovó
— Como acabar meu tricô,
como assistir à novela,
se esses óculos benditos
me somem sem mais aquela?
Vovó, procurando os óculos,
vai do quarto para a sala
e de novo volta ao quarto,
sem ninguém para ajudá-la.
E até parece que os netos
estão a se divertir,
pois mesmo seu predileto
faz força para não rir.
Deve saber onde estão,
porque lhe diz o malvado:
— Já está ficando quente
seu chicotinho queimado!
E o diz quando está no quarto
ou à sala torna a voltar.
— Mas como pode uma coisa
em dois lugares estar?
Em sinal de desespero
leva então as mãos à testa:
ali estão os seus óculos
e tudo vira uma festa.
A Avó
A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha! . . .
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala . . .
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando . . .
A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos, doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"
Então, com frases pausadas,
Conta historias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas . . .
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem . . .
Olavo Bilac
SER AVÓ
Ser avó é sentir felicidade
Conhecer um amor doce, profundo,
É viver de carinho e ansiedade,
É resumir nos netos o seu mundo!
Ser avó é voltar a ser criança,
É fazer tudo pelo neto amado...
É povoar a vida de esperança,
É reviver todinho o seu passado.
Ser mãe é dar o coração, eu creio,
Mas ser avó... que sonho abençoado!!!
É viver de ilusão, num doce enleio,
É viver no neto o amor ao filho amado!
VOVÓ
Falar de Vó para mim é beleza!
É pura certeza de viva alegria,
Vovó é doçura, é mel que escorre,
É fada – socorre de noite e de dia.
Vovó é denguinho gostoso,
Molhado, fofinho...
Ensopado de amor e carinho,
Vovó é segurança.
Vovó – esperança do esperto netinho
De tomar (sem ser a hora!) o seu “danoninho”...
Vovó tem magia nos lábios e encantos,
Pois sara com beijos a neta, que em pranto,
Mostra-lhe o dedinho que machucou.
É flor sempre viva que não tem idade,
Pois brinca de roda, se deita no chão,
Se faz de cavalinho pra neta ou netinho
Do seu coração.
Vovó conta história pra gente comer comidinha,
Vovó conta história pra chegar o soninho,
Vovó conta história de lobo, girafa,
Formiga, ursinho...
Vovó conta história da Bíblia Sagrada,
Vovó conta história do menino e Rei Jesus,
Vovó conta história dos santos do céu,
Do reino de Deus, dos anjos de luz...
Vovó é sabidinha!...
Enquanto pode,
Carrega pra igreja os netinhos amados,
Igual vovó Lóide, na Bíblia citada.
Faz tudo o que pode
Pra ver seus netinhos
De Deus sendo anjinhos
Sempre abençoados!
Importância
É importante que as crianças conheçam os brinquedos e brincadeiras antigas, resgatando assim tradições e culturas que estão sendo substituídas por brinquedos e jogos eletrônicos. O contato com este tema proporciona momentos de criação, interação e muita diversão.
Objetivos
Com a ajuda das vovós aprende-se novas brincadeiras, e amplia-se o repertório. Resgatamos brinquedos e brincadeiras antigas e comparamos com os atuais. As crianças também tem contato com a leitura e a escrita, através das pesquisas realizadas em diferentes portadores de texto, dos manuais das brincadeiras, confecção de cartazes com as brincadeiras preferidas e as parlendas antigas. Não se esqueça de pedir aos alunos que pesquisem, com seus avós, as brincadeiras de seu tempo, para que possam ensinar aos coleguinhas.
Algumas brincadeiras:
Passa Anel
Amarelinha
Peteca
Esconde-Esconde
Quatro Cantos
Boca de forno
Poema de Pau
Pular Corda
Atividades
O projeto proporciona contato com situações reais do contexto social através da elaboração de convites, entrevistas com algumas vovós e até mesmo a organização de um chá com as avós, em que as crianças participaram de todos os preparativos para receber as vovós dos nossos pequenos do Interação. Mas o mais importante é que as crianças aprenderam brincando e resgataram um pouco da nossa cultura através das experiências das avós.
VOVÓS NA ESCOLA
Podemos convidar as vovós para passarem um período na escola com seus netos. Podemos combinar com algumas delas para ensinar algo que elas sabem fazer as outras vovós e/ou aos alunos.
Ex: tricô. crochê, culinária, musiquinhas infantis, brinquedos, quadrinhas, etc... Os alunos podem declamar poesias, apresentarem esquetes teatrais, distribuirem cartoes, fazerem jogos de integração com as avós e deliciarem-se com a culinária, BRINCADEIRAS, Chá dos Avós e prêmios para os vencedores.
1. Qual é o chá?
Qual o chá que se usa na cabeça? (chapéu)O chá que agasalha ? (xale)
O chá que abre portas? (chave)
O chá da praça? (chafariz)
O chá que é um problema? (charada)
O chá que é um tipo de casa (chalé)
O chá da fábrica? (chaminé)
O chá que fica no campo? (chácara)
O chá que se tem de escolher para votar? (chapa)
O chá que atrai a simpatia/ (charme)
2. Qual a vovó que tem o maior número de netos?
E qual a vovó mais jovem?
3. Como está a memória da vovó?
A dirigente diz uma parte de um provérbio popular e algum avô ou avó completa com a outra parte.
Quem não tem cão... caça com gato.
Quando um não quer... dois não brigam.
Quem com ferro fere... com ferro será ferido.
Diga-me com quem andas... e te direi quem és.
Água mole em pedra dura... tanto bate até que fura.
Ri melhor... quem ri por último.
Gato escaldado... tem medo de água fria,
Mais vale um pássaro na mão... do que dois voando.
Quem tem boca... vai à Roma.
Pau que nasce torto... não tem jeito morre torto.
Quem corre cansa... quem não corre alcança.
Antes só... do que mal acompanhado.
4. Somando os pontos
Chamar à frente os casais de avós presentes e premiar o casal que somar mais pontos nos seguintes itens:
o número de filhos
anos de casamento
botões da roupa (dos dois)
o número de netos
idade de cada um
SERVIÇO DO CHÁ
Enquanto o chá é servido, todos podem cantar músicas folclóricas e músicas de roda antigas, bem conhecidas dos nossos avós...
• “Luar do Sertão”, “Alecrim Dourado”, “Peixe Vivo”, “Se esta rua fosse minha”, “Casinha Pequenina”, “Ciranda, cirandinha”, “Teresinha de Jesus”,... etc
Música do tempo da Vovó
PESQUISA MUSICAL ENTRE AS VOVÓS
Os alunos serão divididos em grupos para percorrerem o bairro onde fica a escola ou os seus bairros e pesquisar junto a comunidade idosa dos bairros, as músicas que eles mais ouviam em determinada época. A partir dessa pesquisa o professor poderá criar várias atividades, inclusive gravação de CDs com as músicas mais votadas. Poderá também planejar junto a escola o "Baile dos Vovôs", integrando inclusive os alunos. Esses CDs podem ser vendidos para os alunos presentearem seus avós e os lucros serem revertidos em recursos para ajudar as escolas.
Quadrinhas da Vovó
1.A CASINHA DA VOVÓ
TRANÇADINHA DE CIPÓ
O CAFÉ TÁ DEMORANDO
COM CERTEZA NÃO TEM PÓ
2.Palma, palminha,
Palminha de Guiné
Pra quando papai vié,
Mamãe dá a papinha,
Vovó bate cipó,
Na bundinha do nenê.
3.Serra, serra, serrador,
Serra o papo do vovô...
Quantas tábuas que serrou?
1,2,3, fora uma que quebrou!!!
4.A vovó me disse que no tempo dela,
Não tinha novela, nem televisão,
Só tinha teatro, peça de cinema,
E em Ipanema tinha um coração!
Não tinha nada, ora vejam só!
Mas tinha amor no tempo da vovó,
Não tinha nada, ora vejam só!
Mas eu gosto muito da minha vovó!
Poesias da Vovó
A avó
A vovó também é velha,
Franzidinha como quê.
Passa os dias lá na rede,
Entretida no crochê.
Às vezes fica zangada
Com o barulho que faço.
Pega na chinela, eu me rio,
Ela ri e lá vem um abraço.
Um dia virou a casa
Para os óculos achar.
Remexeu canto por canto
E queria me culpar.
Bem que eu sabia de tudo,
Mas aquilo era uma festa,
Pois vovó tinha os óculos
Presos no alto da testa.
Os Óculos da Vovó
— Como acabar meu tricô,
como assistir à novela,
se esses óculos benditos
me somem sem mais aquela?
Vovó, procurando os óculos,
vai do quarto para a sala
e de novo volta ao quarto,
sem ninguém para ajudá-la.
E até parece que os netos
estão a se divertir,
pois mesmo seu predileto
faz força para não rir.
Deve saber onde estão,
porque lhe diz o malvado:
— Já está ficando quente
seu chicotinho queimado!
E o diz quando está no quarto
ou à sala torna a voltar.
— Mas como pode uma coisa
em dois lugares estar?
Em sinal de desespero
leva então as mãos à testa:
ali estão os seus óculos
e tudo vira uma festa.
A Avó
A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha! . . .
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala . . .
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando . . .
A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos, doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"
Então, com frases pausadas,
Conta historias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas . . .
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem . . .
Olavo Bilac
QUE ESTAIS AQUI PRESENTES,
ATENDESTES O CONVITE
E ISTO NOS DEIXA CONTENTES,
PARABÉNS, Ó VOVOZINHAS,
PORQUE HOJE É VOSSO DIA;
DEUS VOS DÊ MUITA SAÚDE,
AMAOR, PAZ E ALEGRIA!
TUDO AQUI FOI PREPARADO
COM MUITA DEDICAÇÃO;
DESDE O CONVITE AO LANCHE,
ATÉ A PROGRAMAÇÃO.
PARABÉNS, Ó VOVOZINHAS,
PORQUE HOJE É VOSSO DIA,
DEUS VOS DÊ MUITA SAÚDE,
AMOR, PAZ E ALEGRIA!
VOSSA PRESENÇA, VOVÓS,
NOS CAUSOU SATISFAÇÃO,
QUEREMOS QUE VOCÊS VOLTEM
EM OUTRA OCASIÃO.
PARABÉNS, Ó VOVOZINHAS,
PORQUE HOJE É O VOSSO DIA;
DEUS VOS DÊ MUITA SAÚDE,
SER AVÓ
Ser avó é sentir felicidade
Conhecer um amor doce, profundo,
É viver de carinho e ansiedade,
É resumir nos netos o seu mundo!
Ser avó é voltar a ser criança,
É fazer tudo pelo neto amado...
É povoar a vida de esperança,
É reviver todinho o seu passado.
Ser mãe é dar o coração, eu creio,
Mas ser avó... que sonho abençoado!!!
É viver de ilusão, num doce enleio,
É viver no neto o amor ao filho amado!
VOVÓ
Falar de Vó para mim é beleza!
É pura certeza de viva alegria,
Vovó é doçura, é mel que escorre,
É fada – socorre de noite e de dia.
Vovó é denguinho gostoso,
Molhado, fofinho...
Ensopado de amor e carinho,
Vovó é segurança.
Vovó – esperança do esperto netinho
De tomar (sem ser a hora!) o seu “danoninho”...
Vovó tem magia nos lábios e encantos,
Pois sara com beijos a neta, que em pranto,
Mostra-lhe o dedinho que machucou.
É flor sempre viva que não tem idade,
Pois brinca de roda, se deita no chão,
Se faz de cavalinho pra neta ou netinho
Do seu coração.
Vovó conta história pra gente comer comidinha,
Vovó conta história pra chegar o soninho,
Vovó conta história de lobo, girafa,
Formiga, ursinho...
Vovó conta história da Bíblia Sagrada,
Vovó conta história do menino e Rei Jesus,
Vovó conta história dos santos do céu,
Do reino de Deus, dos anjos de luz...
Vovó é sabidinha!...
Enquanto pode,
Carrega pra igreja os netinhos amados,
Igual vovó Lóide, na Bíblia citada.
Faz tudo o que pode
Pra ver seus netinhos
De Deus sendo anjinhos
Sempre abençoados!
Kamis, 25 Juni 2009
A ARTE DE SER AVÓ - Rachel de Queiroz
Quarenta anos, quarenta e cinco. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.
Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.
Não de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse avô, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto...
No entanto! Nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do neto. Não importa que ela hipocritamente, ensine a criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha" e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais. A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.
Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser acreditado!
Fazer má-criação aos gritos e em vez de apanhar ir para os braços do avô, e lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...
Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós com seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto!
E quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz "Vó", seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.
E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade.
Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menino - involuntariamente! - bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beicinho pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.
Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.
Não de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse avô, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto...
No entanto! Nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do neto. Não importa que ela hipocritamente, ensine a criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha" e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais. A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.
Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser acreditado!
Fazer má-criação aos gritos e em vez de apanhar ir para os braços do avô, e lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...
Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós com seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto!
E quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz "Vó", seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.
E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade.
Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menino - involuntariamente! - bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beicinho pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.
Rachel de Queiroz
ARTIGOS SOBRE AVÓS!
Idosos: são "um saco"?
A importância dos idosos
A Avó
Avôs: Um velho amor, sempre novo...
Família: Espaço de amor, partilha e aprendizagem
Avós que sabem querer bem
Direitos inalienáveis das netas (os)
Como corresponder à tarefa de fazer felizes os idosos nos poucos anos que lhes restam de vida
Viver muitos anos
Em Silêncio, de Norma Emiliano
Os avós jovens e o ciclo vital da família
O que é a Velhice
Verão: Dicas sobre cuidados da pele para chegar bem à 3ª idade
Até quando se é avô jovem?
Ajudar e ser ajudados em qualquer idade
No Dia Nacional do Idoso, o Instituto da Visão da UNIFESP anunciaa criação do primeiro centro de oftalmo geriatria do país
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira
Uso de Medicamentos na Terceira Idade
Aposentadoria: O Idoso e a Família
Gestão de serviços para a Terceira Idade: Uma opção via Terceiro Setor
Conheça o evento do projeto Viva a Idade, em São Paulo
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Aprender a envelhecer - Sempre Ativos
Prevenir o Futuro
A Casa dos Avós
É impressionante contemplar como é forte, intensa e, ao mesmo tempo, saudável essa relação que se estabelece entre avós e netos.
Avós que sabem querer bem!
Aprender a querer bem é o principal objetivo da educação familiar. As heranças espirituais e os legados familiares não dão para ser transmitidos sem amor.
O ponto de referência de uma pessoa culta - por ser pessoa, e por ser culta - é o amor. O clima de carinho é a única atmosfera respirável para uma pessoa. Sem amor, o pensamento se degrada. Sem amor, a cultura familiar não se torna possível.
O critério para julgar uma cultura é a verdade, o bem e a beleza.
O amor, porém - referindo-se ao ser humano - é «a primeira reação de seu sentimento e de sua vontade, que se comprazem no bem» (J. Hervada em Diálogos sobre o amor e o matrimônio), também está relacionado à verdade, ao bem e à beleza.
Quando se quer destacar a qualidade de uma relação amorosa, fala-se:
- de um amor bom;- de um amor verdadeiro;- de um amor belo.
A educação, igualmente, pode ser entendida como um processo de desenvolvimento da capacidade humana para apreender a verdade, o bem e a beleza, e para se viver de acordo com esta capacidade de captação do verdadeiro, do bom e do belo.
Por conseguinte, há uma clara relação entre cultura, educação e amor. Aprender a querer bem é o principal objetivo da educação familiar. As heranças espirituais e os legados familiares não dão para ser transmitidos sem amor. Por isso, não basta que os avós sejam pessoas cultas.
É necessário que os avós saibam querer bem, saibam amar.
A razão pela qual a casa dos avós, e os avós, vêm a ser um centro transmissor e difusor de cultura, ou um lugar no qual nasce a cultura, ou se respira cultura, reside no fato de que existem avós que sabem querer bem, que sabem amar. Isto quer dizer que:
- sabem doar-se, doando-se;- manifestam seu amor sob formas de serviço ao outro;- estão disponíveis, sem perder a própria autonomia;- não coisificam as pessoas;- não são escravos de ninguém e de nada;- não fazem chantagem afetiva;- esperam receber, embora não necessariamente na mesma proporção de seu desprendimento ao doar-se; e- contemplam a vida serenamente, desde sua modesta expectativa.
Saber querer bem é saber dar e saber receber, crescendo sempre nesta capacidade de dar e de receber.
Dar, ou doar-se, significa desprender-se tanto do material como do espiritual, em função do crescimento pessoal dos outros.
E receber é aceitar algo, material ou imaterial, como um presente, demonstração de apreço, ajuda necessária, como correspondência de parte a parte.
Recebendo sempre em função do crescimento pessoal.
O amor dos avós não se limita a dar e receber porque, ao fazê-lo, eles conseguem ensinar também às novas gerações a dar e a receber de parte a parte.
Não se trata, portanto, de dar e receber apenas coisas materiais, mas de harmonizar o material e o espiritual, ensinando, assim, a agradecer, desde o exemplo de sua própria gratidão manifestada.
Dar, segundo as necessidades reais dos outros. O que mais necessitam, os outros, é de palavras vivas. Contrariamente, as palavras mortas, características da instabilidade frívola em que vivemos,
- produzem fastio;- anestesiam a alma;- degradam a racionalidade humana;- adoecem a vontade;- massificam;- paralizam;- entorpecem.
Onde encontrar, no entanto, palavras vivas?
Amor de avós, amor agradecido, desprendido, compreensivo e delicadamente exigente. Amor capaz de caminhar com seus netos. E com os outros membros todos da família, se também eles estiverem dispostos a caminhar juntos.
Amor para ver as coisas com aguda percepção e profundidade, prestando muita atenção à direção ideal para cada caminho.
Amor capaz de conhecer o coração e os pensamentos dos netos.
Amor para escutá-los e para ensiná-los a conversar.
Só para os netos? Não, para todos os que procuram ou aceitam essa ajuda.. Acontece que os netos têm o coração mais dócil e respondem melhor, normalmente, ao amor dos avôs e avós jovens.
Amor de avós, em e desde um espaço humano que, previdentemente, eles souberam criar, com a ajuda dos arquitetos, em meio às dificuldades, para que os filhos e os netos encontrem ali um oásis de cultura e um refúgio amoroso, entre o corre-corre e a superficialidade do momento atual.
O ponto de referência de uma pessoa culta - por ser pessoa, e por ser culta - é o amor. O clima de carinho é a única atmosfera respirável para uma pessoa. Sem amor, o pensamento se degrada. Sem amor, a cultura familiar não se torna possível.
O critério para julgar uma cultura é a verdade, o bem e a beleza.
O amor, porém - referindo-se ao ser humano - é «a primeira reação de seu sentimento e de sua vontade, que se comprazem no bem» (J. Hervada em Diálogos sobre o amor e o matrimônio), também está relacionado à verdade, ao bem e à beleza.
Quando se quer destacar a qualidade de uma relação amorosa, fala-se:
- de um amor bom;- de um amor verdadeiro;- de um amor belo.
A educação, igualmente, pode ser entendida como um processo de desenvolvimento da capacidade humana para apreender a verdade, o bem e a beleza, e para se viver de acordo com esta capacidade de captação do verdadeiro, do bom e do belo.
Por conseguinte, há uma clara relação entre cultura, educação e amor. Aprender a querer bem é o principal objetivo da educação familiar. As heranças espirituais e os legados familiares não dão para ser transmitidos sem amor. Por isso, não basta que os avós sejam pessoas cultas.
É necessário que os avós saibam querer bem, saibam amar.
A razão pela qual a casa dos avós, e os avós, vêm a ser um centro transmissor e difusor de cultura, ou um lugar no qual nasce a cultura, ou se respira cultura, reside no fato de que existem avós que sabem querer bem, que sabem amar. Isto quer dizer que:
- sabem doar-se, doando-se;- manifestam seu amor sob formas de serviço ao outro;- estão disponíveis, sem perder a própria autonomia;- não coisificam as pessoas;- não são escravos de ninguém e de nada;- não fazem chantagem afetiva;- esperam receber, embora não necessariamente na mesma proporção de seu desprendimento ao doar-se; e- contemplam a vida serenamente, desde sua modesta expectativa.
Saber querer bem é saber dar e saber receber, crescendo sempre nesta capacidade de dar e de receber.
Dar, ou doar-se, significa desprender-se tanto do material como do espiritual, em função do crescimento pessoal dos outros.
E receber é aceitar algo, material ou imaterial, como um presente, demonstração de apreço, ajuda necessária, como correspondência de parte a parte.
Recebendo sempre em função do crescimento pessoal.
O amor dos avós não se limita a dar e receber porque, ao fazê-lo, eles conseguem ensinar também às novas gerações a dar e a receber de parte a parte.
Não se trata, portanto, de dar e receber apenas coisas materiais, mas de harmonizar o material e o espiritual, ensinando, assim, a agradecer, desde o exemplo de sua própria gratidão manifestada.
Dar, segundo as necessidades reais dos outros. O que mais necessitam, os outros, é de palavras vivas. Contrariamente, as palavras mortas, características da instabilidade frívola em que vivemos,
- produzem fastio;- anestesiam a alma;- degradam a racionalidade humana;- adoecem a vontade;- massificam;- paralizam;- entorpecem.
Onde encontrar, no entanto, palavras vivas?
Amor de avós, amor agradecido, desprendido, compreensivo e delicadamente exigente. Amor capaz de caminhar com seus netos. E com os outros membros todos da família, se também eles estiverem dispostos a caminhar juntos.
Amor para ver as coisas com aguda percepção e profundidade, prestando muita atenção à direção ideal para cada caminho.
Amor capaz de conhecer o coração e os pensamentos dos netos.
Amor para escutá-los e para ensiná-los a conversar.
Só para os netos? Não, para todos os que procuram ou aceitam essa ajuda.. Acontece que os netos têm o coração mais dócil e respondem melhor, normalmente, ao amor dos avôs e avós jovens.
Amor de avós, em e desde um espaço humano que, previdentemente, eles souberam criar, com a ajuda dos arquitetos, em meio às dificuldades, para que os filhos e os netos encontrem ali um oásis de cultura e um refúgio amoroso, entre o corre-corre e a superficialidade do momento atual.
Fonte: Edufam - www.edufam.es
Avôs: Um velho amor, sempre novo...
Bruno Ferrari
Como "pagar' aos meus avós por tudo o que recebi deles? Talvez a única forma de retribuir-lhes seja a de deixar esse mesmo legado às gerações futuras.
Faz tempo deparei com um letreiro cujos dizeres me chamaram logo à atenção: "Adote um avô".
Depois observei como este lema se transformou em: "Ajude um avozinho". Ambas as mensagens me fizeram refletir muito sobre a importância que tem a figura dos avós e sobre o amor que eles professam perante seus filhos e netos.
Sem dúvida, para qualquer um de nós que tenhamos tido a sorte de conviver com nossos ascendentes, alguns deles representaram um elemento importantíssimo na nossa formação.
Não faz pouco tempo, na verdade demasiados anos já se passaram, quando eu era apenas uma criança que procurava aproveitar a maior quantidade de tempo possível em companhia dos meus avós.
Desde essa época, sempre me perguntei por que me agradava tanto a companhia deles.
Hoje penso que teria sido provavelmente por causa da paz que os meus avós me propiciavam e pela grande sabedoria que eles sabiam e conseguiam me transmitir com base em sua experiência de vida.
Meu avozinho, por exemplo, sabia de fato me distrair, ensinando-me ao mesmo tempo coisas tão úteis como aprender a varrer, a lavar o carro e a preparar um delicioso suco de laranja.
Com os meus avós aprendi também a construir castelos de cartas de baralho e casinhas, com as peças do dominó, além de muitas outras brincadeiras que podem parecer, à primeira vista, nada transcendentais, mas nos proporcionam uma sadia convivência em família, partilhando momentos inolvidáveis que permanecem para sempre em nossa recordação.
Eu poderia arrolar aqui uma lista interminável de momentos felizes, seguramente inesquecíveis. Por exemplo, o dia em que aprendi a jogar dominó, as inúmeras lições de minha avozinha para eu aprender a jogar canastra com desastrosos resultados...
No entanto, independentemente de todos esses momentos que a gente guarda como um tesouro na vida, menciono também outra preciosidade de muito mais valor:
Nunca poderei esquecer o inquebrantável testemunho de trabalho do meu avô, quando saía de casa bem cedinho, apoiando-se num bastão, em conseqüência de uma bala que atingiu seu joelho, causando-lhe muito sofrimento pela dificuldade em caminhar, isso ainda nos tempos da Revolução.
Recordo-me como a avozinha se despedia dele com um carinho de dar inveja, permanecendo de pé, parada à porta da casa, por um longo espaço de tempo.
Meu bom velhinho se virava sempre, até de bem longe, para acenar mais uma vez um adeusinho à vovó, com a segurança de revê-la, pois sabia que ela continuaria no mesmo lugar, esperando para corresponder ao seu gesto, até perdê-lo de vista no final da rua.
Igualmente indescritível era a alegria de toda a família, quando escutávamos o toque característico que o meu avozinho nos dava, sempre que voltava do trabalho para casa.
Todos corríamos para recebê-lo, mas sempre nos surpreendíamos com a ligeireza com que a vovó invariavelmente nos passava à frente.
Uma coisa muito difícil, para mim, quase impossível mesmo, de recordar, é se alguma vez teria o meu avô retornado de mãos vazias. O que consigo relembrar, com muita clareza, é a figura do velhinho ao tirar o chapéu para receber, com ternura, um beijo de sua queridinha, ainda na frente da casa. Em seguida, ele começava a fazer a entrega, uma por uma, das mais variadas lembrancinhas que nos havia trazido. Às vezes eram doçuras baratas, guloseimas em forma de pequeninas peras de cor verde, até um carrinho de brinquedo ou algo parecido, em certas ocasiões.
Isto sem precisar dizer que, invariavelmente, nunca deixava de trazer algo especial para a minha avó, alguma delicadeza que ela recebia com manifesta, irradiante alegria.
Seus presentinhos eram coisas muito simples, mas escolhidas a dedo para desenvolver nossa inteligência e estimular a imaginação.
Nossos avós participaram ativamente de nossa formação, de forma muito especial. Lembro-me de quando minha avó me ensinou as primeiras orações, essas que todos nós conservamos na memória.
Recordo-me muito bem de como, pouco a pouco, ela ia plasmando, em cada um de nós, uma consciência reta, ensinando-nos a distinguir com clareza, e senso de justiça, entre o bom e o mau..
O que nos marcou, contudo, entre todos os meus irmãos e primos, com uma indelével lembrança, conto agora:
Todos os dias, ao anoitecer, antes de irmos dormir, minha avozinha nos acompanhava para rezarmos as nossas últimas orações e, de maneira singular, entrelaçando o espiritual e o lúdico, ela nos conduzia a um cômodo no qual foram preparadas diferentes divisões que se destinavam a cada um de nós.
Ali, ao abrir certas portas, havia um aquário vazio, de cristal, ladeado de outros dois aquários de tamanho menor, contendo, um deles, bolinhas de gude de cor preta, e o outro, bolinhas de gude de cor branca.
Ao passo que cada um de nós ia rezando, tinha que ir fazendo um exame de consciência. Por cada má ação que tivéssemos praticado durante o dia, devíamos depositar no aquário maior, o do meio, uma bolinha de gude de cor preta. Da mesma forma, por cada boa ação, uma bolinha de gude de cor branca. Depois disso, nós nos retirávamos para dormir.
No dia seguinte, ao nos levantarmos, pairava sobre todos nós uma grande ilusão de podermos retornar ao mesmo cômodo da véspera, já que sabíamos que as bolinhas de gude da noite anterior haviam-se "convertido", pelas mãos de minha avó, em montículos de palha, maiores ou menores, conforme tinham sido as nossas ações do dia anterior.
Essa palha, dia após dia, era guardada por nós mesmos, com um profundo respeito, em uma caixa grande, colocada debaixo da divisão onde se encontravam o aquário e as bolinhas de gude.
No final do ano, e sempre em companhia dos avós, todos esperávamos com ansiedade o dia de armar o pinheiro de Natal, e sobretudo as figuras do Presépio.
Experimentávamos, ainda que com certo constrangimento pelo tamanho dos diferentes montinhos de palha, uma enorme alegria quando cada um de nós levava o seu montante, acumulado através das boas obras praticadas diariamente no decorrer do ano inteiro, para com ele construir o presépio do Menino Jesus.
Foi assim que aprendemos que, por cada obra má que tivéssemos praticado, ou por aquelas boas obras que tivéssemos deixado de fazer, indiretamente tornávamos menos aconchegante o presépio do Menino Deus, o que para nós significava uma tremenda responsabilidade.
Outro dos preciosos exemplos, acredito que o mais valioso, foram-nos transmitidos pelos avós com respeito ao verdadeiro significado do amor.
Não se trata, aqui, do "amor" como nos é apresentado atualmente pela televisão ou pelas películas de cinema, mas daquele tipo de amor que só se pode experimentar quando o casal se deixa unir pela vontade sincera de continuar amando, mesmo já tendo passado o que se convencionou chamar os "melhores momentos da vida".
Quando a beleza física cede lugar à beleza espiritual. Quando já se perdoou tudo um ao outro e se prossegue perdoando, única e exclusivamente por amor.
É assim que me lembro de como, ainda criança, eu deslizava sorrateiro pela casa para, secretamente, poder melhor observar meus avozinhos em seus momentos de intima convivência afetiva.
Pouco a pouco, sem ser surpreendido, eu chegava ao ponto de me esconder detrás da porta. Do meu esconderijo, podia vê-los sentados diante de uma pequena mesa junto à janela que dava para o jardim. Era ali que eles gostavam de ficar, jogando dominó. Eu podia observar, por entre a fenda da porta, como meu avozinho tomava delicadamente a mão de sua esposa, essa outra metade de sua vida, e a acariciava com uma ternura tal que até hoje não me é possível esquecer.
Depois, então, como se tivessem ficado noivos no dia anterior, vovô cantava para ela uma canção, com sua voz bem entoada, como se fosse o mais romântico dos homens apaixonados. Essa canção falava de uma árvore e de uma menina: a menina gravava o nome dele no tronco da árvore, e a árvore, agradecida, deixava cair uma formosa flor para ela.
No final da canção, vovô lhe dizia ser a própria árvore, na qual ela havia gravado o nome dele, nome que ele conservava em seu tronco, perguntando-lhe o que havia feito com sua pobre flor.
Assim é que fui observando, quase sem que me desse conta, como transcorriam os últimos dias de ambos nesse clima repleto de amor, que meus velhinhos sempre professaram entre si.
Talvez esta tenha sido a causa, quando meu avô morreu, de não ter transcorrido mais de um ano para que minha avó o alcançasse, indo reunirse a ele para sempre.
Ele morreu como sempre previra: "o dia em que eu já não consiga mais trabalhar, vou morrer de inatividade, porque a vida foi feita para servir, e quem não vive para servir não serve para viver".
Durante o último ano de vida de minha avó, meu avô nunca deixou de permanecer ao seu lado, embora fosse apenas pela recordação vívida que ela fazia questão de manter: ela continuou a arrumar a cama para ele dormir, como se continuasse vivo, e preparava seu lugar à mesa, do jeito que fazia habitualmente. Às vezes a gente até a escutava conversando baixinho com ele.
Partiram deste mundo meus avozinhos, mas só se foram corporalmente, porque seu exemplo, sua lembrança inolvidável e sobretudo seu testemunho de vida continuam ocupando, entre seus filhos e netos, um lugar muito importante, um verdadeiro exemplo a ser seguido.
Agora eu me pergunto de que forma se poderia "pagar" a avozinhos, como os meus, o incalculável legado que nos deixaram sobre o verdadeiro sentido do amor.
Talvez a única forma de retribuir-lhes seja a de deixar esse mesmo legado às gerações futuras. Oxalá, desta maneira, e só assim, nossos filhos e netos possam viver na própria carne "UM VELHO AMOR, SEMPRE NOVO".
Como "pagar' aos meus avós por tudo o que recebi deles? Talvez a única forma de retribuir-lhes seja a de deixar esse mesmo legado às gerações futuras.
Faz tempo deparei com um letreiro cujos dizeres me chamaram logo à atenção: "Adote um avô".
Depois observei como este lema se transformou em: "Ajude um avozinho". Ambas as mensagens me fizeram refletir muito sobre a importância que tem a figura dos avós e sobre o amor que eles professam perante seus filhos e netos.
Sem dúvida, para qualquer um de nós que tenhamos tido a sorte de conviver com nossos ascendentes, alguns deles representaram um elemento importantíssimo na nossa formação.
Não faz pouco tempo, na verdade demasiados anos já se passaram, quando eu era apenas uma criança que procurava aproveitar a maior quantidade de tempo possível em companhia dos meus avós.
Desde essa época, sempre me perguntei por que me agradava tanto a companhia deles.
Hoje penso que teria sido provavelmente por causa da paz que os meus avós me propiciavam e pela grande sabedoria que eles sabiam e conseguiam me transmitir com base em sua experiência de vida.
Meu avozinho, por exemplo, sabia de fato me distrair, ensinando-me ao mesmo tempo coisas tão úteis como aprender a varrer, a lavar o carro e a preparar um delicioso suco de laranja.
Com os meus avós aprendi também a construir castelos de cartas de baralho e casinhas, com as peças do dominó, além de muitas outras brincadeiras que podem parecer, à primeira vista, nada transcendentais, mas nos proporcionam uma sadia convivência em família, partilhando momentos inolvidáveis que permanecem para sempre em nossa recordação.
Eu poderia arrolar aqui uma lista interminável de momentos felizes, seguramente inesquecíveis. Por exemplo, o dia em que aprendi a jogar dominó, as inúmeras lições de minha avozinha para eu aprender a jogar canastra com desastrosos resultados...
No entanto, independentemente de todos esses momentos que a gente guarda como um tesouro na vida, menciono também outra preciosidade de muito mais valor:
Nunca poderei esquecer o inquebrantável testemunho de trabalho do meu avô, quando saía de casa bem cedinho, apoiando-se num bastão, em conseqüência de uma bala que atingiu seu joelho, causando-lhe muito sofrimento pela dificuldade em caminhar, isso ainda nos tempos da Revolução.
Recordo-me como a avozinha se despedia dele com um carinho de dar inveja, permanecendo de pé, parada à porta da casa, por um longo espaço de tempo.
Meu bom velhinho se virava sempre, até de bem longe, para acenar mais uma vez um adeusinho à vovó, com a segurança de revê-la, pois sabia que ela continuaria no mesmo lugar, esperando para corresponder ao seu gesto, até perdê-lo de vista no final da rua.
Igualmente indescritível era a alegria de toda a família, quando escutávamos o toque característico que o meu avozinho nos dava, sempre que voltava do trabalho para casa.
Todos corríamos para recebê-lo, mas sempre nos surpreendíamos com a ligeireza com que a vovó invariavelmente nos passava à frente.
Uma coisa muito difícil, para mim, quase impossível mesmo, de recordar, é se alguma vez teria o meu avô retornado de mãos vazias. O que consigo relembrar, com muita clareza, é a figura do velhinho ao tirar o chapéu para receber, com ternura, um beijo de sua queridinha, ainda na frente da casa. Em seguida, ele começava a fazer a entrega, uma por uma, das mais variadas lembrancinhas que nos havia trazido. Às vezes eram doçuras baratas, guloseimas em forma de pequeninas peras de cor verde, até um carrinho de brinquedo ou algo parecido, em certas ocasiões.
Isto sem precisar dizer que, invariavelmente, nunca deixava de trazer algo especial para a minha avó, alguma delicadeza que ela recebia com manifesta, irradiante alegria.
Seus presentinhos eram coisas muito simples, mas escolhidas a dedo para desenvolver nossa inteligência e estimular a imaginação.
Nossos avós participaram ativamente de nossa formação, de forma muito especial. Lembro-me de quando minha avó me ensinou as primeiras orações, essas que todos nós conservamos na memória.
Recordo-me muito bem de como, pouco a pouco, ela ia plasmando, em cada um de nós, uma consciência reta, ensinando-nos a distinguir com clareza, e senso de justiça, entre o bom e o mau..
O que nos marcou, contudo, entre todos os meus irmãos e primos, com uma indelével lembrança, conto agora:
Todos os dias, ao anoitecer, antes de irmos dormir, minha avozinha nos acompanhava para rezarmos as nossas últimas orações e, de maneira singular, entrelaçando o espiritual e o lúdico, ela nos conduzia a um cômodo no qual foram preparadas diferentes divisões que se destinavam a cada um de nós.
Ali, ao abrir certas portas, havia um aquário vazio, de cristal, ladeado de outros dois aquários de tamanho menor, contendo, um deles, bolinhas de gude de cor preta, e o outro, bolinhas de gude de cor branca.
Ao passo que cada um de nós ia rezando, tinha que ir fazendo um exame de consciência. Por cada má ação que tivéssemos praticado durante o dia, devíamos depositar no aquário maior, o do meio, uma bolinha de gude de cor preta. Da mesma forma, por cada boa ação, uma bolinha de gude de cor branca. Depois disso, nós nos retirávamos para dormir.
No dia seguinte, ao nos levantarmos, pairava sobre todos nós uma grande ilusão de podermos retornar ao mesmo cômodo da véspera, já que sabíamos que as bolinhas de gude da noite anterior haviam-se "convertido", pelas mãos de minha avó, em montículos de palha, maiores ou menores, conforme tinham sido as nossas ações do dia anterior.
Essa palha, dia após dia, era guardada por nós mesmos, com um profundo respeito, em uma caixa grande, colocada debaixo da divisão onde se encontravam o aquário e as bolinhas de gude.
No final do ano, e sempre em companhia dos avós, todos esperávamos com ansiedade o dia de armar o pinheiro de Natal, e sobretudo as figuras do Presépio.
Experimentávamos, ainda que com certo constrangimento pelo tamanho dos diferentes montinhos de palha, uma enorme alegria quando cada um de nós levava o seu montante, acumulado através das boas obras praticadas diariamente no decorrer do ano inteiro, para com ele construir o presépio do Menino Jesus.
Foi assim que aprendemos que, por cada obra má que tivéssemos praticado, ou por aquelas boas obras que tivéssemos deixado de fazer, indiretamente tornávamos menos aconchegante o presépio do Menino Deus, o que para nós significava uma tremenda responsabilidade.
Outro dos preciosos exemplos, acredito que o mais valioso, foram-nos transmitidos pelos avós com respeito ao verdadeiro significado do amor.
Não se trata, aqui, do "amor" como nos é apresentado atualmente pela televisão ou pelas películas de cinema, mas daquele tipo de amor que só se pode experimentar quando o casal se deixa unir pela vontade sincera de continuar amando, mesmo já tendo passado o que se convencionou chamar os "melhores momentos da vida".
Quando a beleza física cede lugar à beleza espiritual. Quando já se perdoou tudo um ao outro e se prossegue perdoando, única e exclusivamente por amor.
É assim que me lembro de como, ainda criança, eu deslizava sorrateiro pela casa para, secretamente, poder melhor observar meus avozinhos em seus momentos de intima convivência afetiva.
Pouco a pouco, sem ser surpreendido, eu chegava ao ponto de me esconder detrás da porta. Do meu esconderijo, podia vê-los sentados diante de uma pequena mesa junto à janela que dava para o jardim. Era ali que eles gostavam de ficar, jogando dominó. Eu podia observar, por entre a fenda da porta, como meu avozinho tomava delicadamente a mão de sua esposa, essa outra metade de sua vida, e a acariciava com uma ternura tal que até hoje não me é possível esquecer.
Depois, então, como se tivessem ficado noivos no dia anterior, vovô cantava para ela uma canção, com sua voz bem entoada, como se fosse o mais romântico dos homens apaixonados. Essa canção falava de uma árvore e de uma menina: a menina gravava o nome dele no tronco da árvore, e a árvore, agradecida, deixava cair uma formosa flor para ela.
No final da canção, vovô lhe dizia ser a própria árvore, na qual ela havia gravado o nome dele, nome que ele conservava em seu tronco, perguntando-lhe o que havia feito com sua pobre flor.
Assim é que fui observando, quase sem que me desse conta, como transcorriam os últimos dias de ambos nesse clima repleto de amor, que meus velhinhos sempre professaram entre si.
Talvez esta tenha sido a causa, quando meu avô morreu, de não ter transcorrido mais de um ano para que minha avó o alcançasse, indo reunirse a ele para sempre.
Ele morreu como sempre previra: "o dia em que eu já não consiga mais trabalhar, vou morrer de inatividade, porque a vida foi feita para servir, e quem não vive para servir não serve para viver".
Durante o último ano de vida de minha avó, meu avô nunca deixou de permanecer ao seu lado, embora fosse apenas pela recordação vívida que ela fazia questão de manter: ela continuou a arrumar a cama para ele dormir, como se continuasse vivo, e preparava seu lugar à mesa, do jeito que fazia habitualmente. Às vezes a gente até a escutava conversando baixinho com ele.
Partiram deste mundo meus avozinhos, mas só se foram corporalmente, porque seu exemplo, sua lembrança inolvidável e sobretudo seu testemunho de vida continuam ocupando, entre seus filhos e netos, um lugar muito importante, um verdadeiro exemplo a ser seguido.
Agora eu me pergunto de que forma se poderia "pagar" a avozinhos, como os meus, o incalculável legado que nos deixaram sobre o verdadeiro sentido do amor.
Talvez a única forma de retribuir-lhes seja a de deixar esse mesmo legado às gerações futuras. Oxalá, desta maneira, e só assim, nossos filhos e netos possam viver na própria carne "UM VELHO AMOR, SEMPRE NOVO".
Por: Bruno Ferrari.Desarrollo y Formación Familiar, A.C. Tradução: mcferreira - Niterói, 18.04.08: 01,25h
TEXTO PARA TRABALHAR O DIA DOS AVÓS
Avós, diversão ou formação?
Mónica Bulnes de Lara
Mónica Bulnes de Lara
Um dos grandes valores na formação dos filhos é o respeito pelas gerações anteriores à sua.Os filhos devem conhecer desde pequenos a importância de escutar os avós, não só por serem pessoas mais idosas, como também pelo grande valor da experiência que uma pessoa com tantos anos vividos possa ter.Nesta época, em que impressiona a habilidade que até mesmo as crianças têm para conhecer todo tipo de aparelho eletrônico, parece que os pais e avós estamos anos luz atrasados no que são os interesses infantis. No entanto, o que realmente os fará serem donos de si mesmos e se desenvolverem melhor como pessoas, será aprender a se relacionar melhor com a vida diária; para isso, não existe aparelho que proporcione esta habilidade. Somente a orientação de pessoas que já passaram pela mesma idade, que já percorreram o caminho que a criança apenas está iniciando, vai trazer a sabedoria necessária para que ela se torne uma pessoa íntegra e feliz.Existem muitas maneiras de ajudar nossos filhos a aproveitar a convivência com os avós. Por exemplo, uma atividade familiar que pode ser muito divertida e instrutiva para toda a família é conhecer a história completa dos pais. Existem livros especiais, vendidos em qualquer livraria, que trazem perguntas e espaços suficientes para que os avós respondam, descrevendo suas experiências e histórias.Com certeza, não é preciso adquirir nenhum livro. Qualquer caderno cumpre as mesmas funções e, uma vez terminado, podem ser organizadas reuniões para conhecer a história dos avós, criando lembranças que durarão toda uma vida. Além disso, esta atividade terá um valor agregado: a família conhecerá suas origens, sendo esta uma fonte de conhecimento para entender quem somos e porque reagimos de determinada maneira.Os avós podem educar de muitas maneiras!Ser avô é uma fase da vida que deve estar cheia de satisfações e diversão, especialmente quando não são os principais responsáveis pela educação das crianças.Hoje em dia, existem cada vez mais casamentos nos quais ambos trabalham. Desta maneira, os avós voltam a ser os principais formadores de crianças, uma vez mais. Esta é uma tarefa importantíssima, no entanto, muito pesada, já que os avós não contam com a mesma energia dos tempos passados e, muitas vezes, a mesma autoridade.Então, de acordo com o papel desempenhado na vida de seus netos, suas atividades e responsabilidades serão distintas. Se vêem os netos periodicamente, exclusivamente como visitas, o papel é claro: somos avós e, como tais, podemos dar caramelos e deixá-los dormir mais tempo do que o necessário. Mimá-los, em toda a extensão da palavra.Porém se, diariamente, sua função é de criá-los enquanto seus filhos estão trabalhando, então os privilégios mudam. Os avós se tornam “pais secundários”, por este motivo a formação dos netos adquire um lugar prioritário em suas vidas e a disciplina e autoridade devem ser aplicadas, sendo mais esporádicos os “momentos divertidos”.As complicações que esta responsabilidade traz consigo são muitas: o dilema de querer mimar o neto versus a necessidade de educá-lo adequadamente, o possível desacordo que possa existir entre a linha aplicada pelos pais do neto na educação do mesmo, o reconhecimento de que nossos projetos pessoais passam para um segundo plano.Devemos lembrar que primeiro estão as crianças e não nosso gosto por fazer o que queremos. Conhecendo o papel que jogamos na vida de nossos netos, saberemos a função que temos que desempenhar. Se assumirmos a responsabilidade de ser formadores, o preço a pagar é o de ser avó de tempo integral.Desta maneira, funcionar como avós ou como formadores deve ser uma decisão que somente nossos pais devem tomar. Nós, como seus filhos, devemos respeitar e aceitar seus limites e disposições com agradecimento, já que temos de reconhecer que eles já cumpriram com sua função de pais e, se aceitarem cuidar das crianças enquanto estamos trabalhando, estarão fazendo muito mais do que cumprir suas responsabilidades ou obrigações, pela simples generosidade de seu coração.
DIA DOS AVÓS - 26 de Julho
O papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos, e muitas vezes eles são o suporte afetivo e financeiro de pais e filhos. Por isso, se diz que os avós são pais duas vezes.
As avós são também chamadas de "segunda mãe", e os avôs, de "segundo pai", e muitas vezes estão ao lado e mesmo à frente da educação de seus netos, com sua sabedoria, experiência e com certeza um sentimento maravilhoso de estar vivenciando os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.
Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.
As avós são também chamadas de "segunda mãe", e os avôs, de "segundo pai", e muitas vezes estão ao lado e mesmo à frente da educação de seus netos, com sua sabedoria, experiência e com certeza um sentimento maravilhoso de estar vivenciando os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.
Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.
Os Padroeiros dos Avós
Comemora-se o Dia dos Avós em 26 de julho, e esse dia foi escolhido para a comemoração porque é o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo.
Século I a.C. - Conta a história que Ana e seu marido, Joaquim, viviam em Nazaré e não tinham filhos, mas sempre rezavam pedindo que o Senhor lhes enviasse uma criança. Apesar da idade avançada do casal, um anjo do Senhor apareceu e comunicou que Ana estava grávida, e eles tiveram a graça de ter uma menina abençoada a quem batizaram de Maria. Santa Ana morreu quando a menina tinha apenas 3 anos. Devido a sua história, Santa Ana é considerada a padroeira das mulheres grávidas e dos que desejam ter filhos. Maria cresceu conhecendo e amando a Deus e foi por Ele a escolhida para ser Mãe de Seu Filho. São Joaquim e Santa Ana são os padroeiros dos avós.
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